Os vereadores de São Sebastião solicitaram, ao prefeito do Felipe Augusto, o "cancelamento do sistema de conexão do transporte público implementado pelo Poder Executivo sem qualquer informação aos munícipes, principais interessados em um transporte público de qualidade".

É o que aponta ofício protocolado no gabinete do prefeito, nesta quarta-feira, 14, e assinado por todos os parlamentares presentes à sessão de terça-feira (13).  Eles pedem que "seja cancelado o sistema de integração implantado sem sucesso algum, com o imediato retorno das linhas e horários anteriores, uma vez que inúmeros usuários do transporte público estão sendo prejudicados neste momento" e requerem, ainda, "aumento das linhas e horários do transporte público para melhor atendimento aos munícipes".

A medida visa procurar uma solução para os problemas enfrentados pela população com a mudança nos itinerários do transporte, o que resultou em reclamações da Costa Sul à Costa Norte e manifestação de moradores do Jaraguá que protestaram na última sessão da Câmara Municipal.

O ofício aponta que, desde o último dia 6, os vereadores têm recebido inúmeras reclamações sobre o sistema integrado do transporte público, sendo que a "população é a única que vem sofrendo com esse novo sistema que está sendo implantado".

No documento, eles ressaltam que "até o momento, não há sequer um terminal de conexão construído para abrigar a população que vem ficando no tempo com sol e chuva para aguardar os ônibus". O ofício cita, ainda, a preocupação com esse período de alta temporada em que "muitas pessoas conseguem empregos e a grande confusão que vem sendo efetuada no transporte público traz inúmeros problemas para a população".

Requerimento

Além do ofício, foi aprovado o Requerimento nº 547/2022, de autoria do vereador Marcos Fuly, que solicitou, ao Executivo, informações acerca do contrato firmado entre o Município e a empresa de ônibus SOU, "assim como a respeito da efetiva fiscalização/acompanhamento da execução do referido contrato, especialmente quanto à qualidade dos ônibus, o número de passageiros transportados e outros".

O documento aponta que, "na última sessão, alguns munícipes compareceram para questionar as alterações realizadas pela empresa de ônibus, as quais foram extremamente prejudiciais para o munícipe, afetando, inclusive, o horário de chegada ao trabalho", apontou Fuly.

O vereador comentou, ainda, que "as críticas à qualidade do serviço prestado pela empresa Sou não são de hoje. Já faz meses que os munícipes questionam a qualidade e o conforto dos veículos que estão circulando, assim como os atrasos ao chegarem nos pontos de ônibus".

Fuly questionou sobre a fiscalização, diária, dos ônibus em circulação e pediu relatório dos últimos três meses, além de informações sobre o índice de passageiros equivalente ao km (IPK) nos últimos três meses, quais os valores pagos pelo Município a título de subsídio à empresa, nesse período, e se o Executivo, por meio da Segur, já tinha notificado e aplicado multas à empresa devido às falhas no serviço prestado.

Manifestação

A sessão de terça-feira (13) foi marcada por protestos de grupo de moradores do Jaraguá, formado, principalmente, por mulheres. Após a aprovação dos requerimentos, o presidente José Reis abriu a palavra para que as pessoas pudessem se manifestar. Todos reclamaram dos novos itinerários e da integração pela falta de estrutura, e condições de atender adequadamente a população e pediram o retorno do sistema anterior. As alterações prejudicaram toda a população. Muitos não conseguiram chegar ao trabalho e estudantes também foram afetados, como explicou a moradora Gisele.

Autor do requerimento, o vereador Marcos Fuly frisou as condições precárias de atendimento. "Foram três contratos emergenciais em um valor absurdo. A empresa recebe um subsídio absurdo para apresentar um trabalho de péssima qualidade. Infelizmente foi assinando contrato, numa licitação de uma única empresa, para 15 anos, que não atende o contrato".

Problemas

Segundo Fuly, o edital prevê 10 postos de recarga e venda de cartões e existe um apenas na Rodoviária. Além disso, "não temos 10 painéis de mensagens variáveis em tempo real, não tem 7 totens fixos de informações, não há serviço de informação ao usuário e nem câmeras de monitoramento nos terminais, não tem implantação de novo site e novas linhas e tarifas. Tudo fora do contrato. Temos uma empresa hoje operando com contrato assinado, que já trabalhou por três contratos emergenciais quase dois anos, e agora ganhou um contrato e não teve tempo de se adequar. É uma vergonha para o município".

O vereador Wagner Teixeira parabenizou os moradores pela manifestação e atribuiu o problema ao prefeito Felipe Augusto. "Ele tirou a empresa Ecobus, que era uma porcaria, só que não pagava um real de subsidio. Hoje paga R$ 1,6 milhão para essa outra porcaria que é pior que a Ecobus. Ele mexeu no que pelo menos funcionava".

O vereador Maurício Bardusco também frisou que a situação "estava ruim. Mas agora está péssima. Sem condições de andar, esperar. Concordo com a reivindicação de vocês. É preciso voltar ao que era enquanto não fizerem uma estrutura digna". Ercílio de Souza comentou que já havia alertado que essa mudança traria muitos problemas. Não temos essa infraestrutura. Não vi investimentos em terminais. Com o dinheiro que temos, deveríamos ter algo futurístico, de primeiro mundo, para dar qualidade. É uma falta de respeito com vocês".

Para o vereador Giovani dos Santos (Pixoxó), "essa modalidade chamada integração, que o prefeito pagou uma empresa, R$ 300 mil pra realizar esse estudo, é um retrocesso para o município. Da Costa Norte à Costa Sul, o povo está sofrendo". O parlamentar frisou que se o Executivo não tomar uma providência, o caso será levado à Justiça.

Desumano

O vereador Pedro Renato sugeriu a realização de mutirão para a confecção dos cartões aos usuários, com urgência, nos pontos mais freqüentados. Ao apresentar vídeos e fotos de alguns problemas, conseguiu reverter algumas situações na Costa Sul. Mas, como explicou, "de ponta a ponta na cidade temos o mesmo problema".

Ele mostrou imagens, ao Executivo, de mais de 100 pessoas paradas esperando condução em Juquehy. "Os pontos lotados. Não tinha conexão e integração rápida. A população ficando uma hora ou mais debaixo de sol e chuva. É desumano". O mesmo apontou o vereador Daniel Simões. "Entendemos que foi desnecessário esse contrato atual", lembrando que os problemas ocorrem em plena temporada quando todo mundo precisa de transporte público. "Infelizmente, esse sistema integrado não funciona".

O vereador André Pierobon comentou que participou das audiências públicas do transporte e, na época, disse que essa integração não daria certo. "Expliquei ao prefeito que não havia condição de trazer um serviço de cidade grande para nossa geografia. Temos o dever de fiscalizar e cobrar. Mas o prefeito tem o poder de resolver toda essa situação".

Ao encerrar a discussão, o presidente Reis frisou que a situação estava muito clara. "A gente tem outras reclamações através das nossas redes sociais. ouvimos todas as reivindicações e vamos encaminhar ao prefeito", disse Reis comentando que o ofício seria protocolado na quarta-feira.

"Acredito que o prefeito vai dar uma devolutiva, não só para a Câmara, mas para vocês, principalmente, que é voltar o modelo que era antigamente. Esperamos que esse transporte seja mudado o mais rápido possível", frisou Reis.

Fotos; Luciano Vieira/CMSS